quarta-feira, 9 de maio de 2012

Como conciliar os estudos com a gravidez


Vou perder o ano ou o semestre porque estou grávida? 

Você pode continuar estudando normalmente durante a gravidez, e, a partir do oitavo mês, terá direito, por lei, a quatro meses de licença-maternidade. Nesses quatro meses, você não precisará ir à escola ou faculdade, e pode fazer os trabalhos e as provas em casa. 

A lei que garante esse direito é a 6.202. É bom conversar na secretaria da escola ou da faculdade antes para saber como será o esquema, e exigir o direito. Você precisará apresentar atestado médico. 

Os quatro meses de afastamento podem ser estendidos no caso de você precisar ficar de repouso, por exemplo. Mas, segundo Neide de Aquino Noffs, coordenadora do curso de psicopedagogia da PUC-SP, na faculdade as alunas costumam frequentar as aulas sem problemas até o finalzinho da gravidez. 

Estudo em faculdade particular. Vou precisar continuar pagando a mensalidade? 

Se você tirar a licença-maternidade de quatro meses e fizer os trabalhos e provas em casa, continuará pagando normalmente a mensalidade. É como se você estivesse indo às aulas. 

Para quem está na faculdade, existe também a opção de trancar a matrícula. Aí você não vai precisar pagar a mensalidade, mas por outro lado vai ficar realmente afastada do curso, e a formatura vai atrasar. Você decide a duração do afastamento -- pode ser um semestre, dois ou mais. Só que o risco de acabar desistindo de voltar é maior, e isso não é legal para o seu futuro. 

Caso você tranque no meio do semestre, quando voltar terá de cursar (e pagar) aquele semestre desde o começo. 

O que vale mais a pena no ensino superior, tirar licença ou trancar? 

"Dependendo do tipo de curso e da época do ano, às vezes vale mais a pena trancar a matrícula", explica a professora Neide Noffs. 

É uma decisão que depende muito do caso específico. Preparamos uma pequena lista para ajudá-la a pensar nos fatores: 

Pode valer mais a pena sair de licença quando: 
- A universidade ou escola são gratuitas 
- O curso é mais abstrato e dá para aprender o conteúdo por conta própria, com leituras, por exemplo 
- O bebê vai nascer perto do final do semestre, incluindo o período de férias, e aí você não perde tantas aulas (se o bebê nascer em novembro, por exemplo, você pode tirar os meses de novembro, dezembro, janeiro e fevereiro) 
- Você tem uma boa infra-estrutura em casa para ajudar a tomar conta do bebê na volta às aulas 
- Você está no finalzinho do curso: é melhor terminar logo de uma vez 
- Você sente que, se trancar a matrícula, corre o risco de não voltar mais a estudar 
- Você está tendo uma gravidez tranquila e se sentindo bem 

Pode valer mais a pena trancar a matrícula quando: 
- A mensalidade é muito alta e o curso é de especialização, por exemplo. Com a licença, você continuaria pagando as mensalidades mesmo sem frequentar as aulas 
- O conteúdo é muito difícil e exige a presença na sala de aula 
- O curso é mais prático que teórico 
- O bebê vai nascer bem no começo do semestre (por exemplo em março: você vai ficar todo o primeiro semestre afastada) 
- O mais legal do curso é o professor 
- Você não faz a menor ideia de quem vai ficar com o bebê na sua volta aos estudos
- Você não se incomoda de atrasar um pouco sua formatura 
- Sua gravidez está complicada e você está se sentindo muito mal 

Se você acabou não fazendo nenhuma das duas coisas e simplesmente deixou de frequentar as aulas, sempre é tempo de conversar na administração da escola ou da faculdade, para achar a melhor solução. 

Vou conseguir levar as duas coisas? 

Com ajuda e paciência, você tem tudo para conseguir estudar e cuidar da gravidez até ter o seu bebê. 

Para quem está na escola, é preciso prestar bastante atenção na alimentação e fazer o pré-natal desde o começo. Pode ser que você precise faltar às aulas de vez em quanto por conta do mal-estar e do cansaço, mas, com a ajuda dos amigos e dos professores, dá para acompanhar o que perdeu. 

Quando isso acontecer, pense que o dia seguinte será melhor. Os níveis de energia variam muito na gravidez, assim como o seu estado de espírito, por isso não tome nenhuma decisão sem pensar muito bem. 

A professora Neide Noffs dá alguns conselhos: 

• Antes de tomar a decisão de tirar a licença ou trancar a matrícula, converse com um orientador pedagógico da instituição onde você estuda. Essa pessoa tem experiência no assunto e pode ajudá-la a escolher a melhor opção. Faça isso também se estiver com dificuldade de acompanhar as aulas. 

• Vá conversando com os professores antes da licença, para que eles já pensem num esquema para ajudar você. Eles podem antecipar provas e trabalhos, por exemplo, e fechar sua nota antes da do resto da classe. 

• Peça a uma amiga ou amigo de sala para servir como "ponte" entre você e a escola ou faculdade. Essa pessoa pode ir dando notícias suas para colegas e professores, além de levar e trazer trabalhos e avaliações. Melhor ainda, se for uma amigona mesmo, estudar um pouco com você e transmitir o conteúdo das aulas. 

• Programe-se para, no primeiro mês com o bebê, pensar o mínimo possível nos estudos e se dedicar a aprender a função de mãe. "Dê um tempo para seu organismo se recuperar, seu lado emocional também", diz a professora. 

• Ao mesmo tempo, não se afaste totalmente do mundo escolar ou universitário, mesmo durante a licença ou trancamento. Telefone para amigos para saber como estão as coisas, avise quando o bebê nascer e o leve um dia à aula para mostrar aos colegas e professores. 

Mantendo esse vínculo, você não fica tão isolada num mundo de fraldas (e combate o estresse tão comum no pós-parto), e perde aquela sensação de que não vai conseguir acompanhar a classe quando voltar. 

Algumas escolas e faculdades têm certa infra-estrutura para alunas com bebês -- creche, lugar para amamentar. Informe-se direitinho antes de o bebê nascer para já pensar num jeito de conciliar o estudo e a amamentação. Você e o pai do bebê também podem alterar seus horários, assim enquanto um estuda ou trabalha de dia, o outro fica com o bebê, e o contrário à noite. 

Não tenho energia, só durmo nas aulas 

O sono é marca registrada da gravidez, principalmente no começo e no final, e dificulta bastante a vida de quem estuda (mais ainda de quem estuda E trabalha!). 

Quando a coisa estiver muito difícil, tente aproveitar um intervalo entre as aulas para encostar a cabeça e fechar os olhos, nem que seja só por 15 minutos. 

Esse é um dos motivos para explicar por que é bom que os coordenadores da escola ou faculdade saibam que você está grávida. Desse jeito, há mais chance de os professores entenderem sua necessidade de dormir, e talvez vocês possam chegar a alguma alternativa que funcione melhor (mudar o horário da aula, fazer o trabalho em casa etc.). 

Por falar em trabalhos, faça de tudo para evitar que eles se acumulem ou fiquem para a última hora (nunca se sabe como você vai estar se sentindo naquele último dia antes do prazo). O que você pode fazer é sempre se mostrar interessada nas aulas, o que pode colaborar para a boa vontade dos professores. 

A atividade física até ajuda a melhorar seus níveis de energia. Por isso você não precisa ser dispensada das aulas de educação física: basta adaptar algumas atividades que possam ser mais perigosas. 

Lembre-se também de comer bem. Às vezes a anemia pode estar roubando o que resta das suas forças. Só não adianta se entupir de café e refrigerante, porque aí não vai ser legal nem para você nem para o bebê. 

Não tenho cabeça para estudar, só penso no bebê 

É absolutamente normal que isso aconteça. A chegada de um bebê não é coisa pouca. Mas pense que isso também acontece com quem trabalha: muitas vezes fica difícil se concentrar, e é melhor ficar sonhando com o nome, com o quartinho, com a carinha que ele vai ter... Ou então quebrando a cabeça com as complicações: onde morar, casar ou não, como pagar tanta coisa... 

Todo mundo passa por isso, e as mulheres que trabalham acabam tendo que segurar a barra das duas coisas. Faça o máximo para conseguir a mesma coisa. Pode parecer uma frase absurda, mas a obstetra Isabel Pinhal, da Maternidade-Escola da UFRJ, diz com todas as letras: "Filho não é projeto de vida." 

Neste momento, você só consegue pensar no bebê, mas o tempo vai passar e daqui a 20 anos ele estará na faculdade, talvez tão independente quanto você é hoje, e você ainda terá muita coisa para fazer da vida. Invista agora na sua formação e no seu futuro, para não ter de começar do zero lá para a frente. Com 40 e poucos anos, você estará cheia de energia, mas pode ser bem mais complicado para mudar de carreira ou iniciar uma nova atividade profissional, além da de mãe.

Fonte: Babycenter Brasil

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